29 de abr. de 2019

Bolsonaro manda Leão mascar chiclete


Bolsonaro leu a Folha de hoje e já detonou a loucura. Tal Marcos Cintra, chefão geral da Receita, parece, não morar no Brasil. Disse ao jornal que pretendia criar um imposto universal que iria incidir sobre todas as transações financeiras, bancárias ou não, com alíquota de 0,9%, que seria rateado entre as duas pontas da transação - quem paga e quem recebe. O novo imposto, chamado de Contribuição Previdenciária, a CP, recairia até mesmo no dízimo cobrado pelas igrejas - e o púlpito já deu o grito, Malafaia puxando o coro.
Cintra, mais do que ninguém, sabe que temos uma das maiores cargas tributárias do mundo, equivalente a mais de 35% do nosso PIB. Que, do rendimento bruto de cada um de nós, 41,37% são para pagar impostos - ou, como mediu o IBPT - Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação, trabalhamos 153 dias do ano só para entulhar de dinheiro os cofres públicos.

Com o grave registro: há quase uma década permanecemos lanterninhas no ranking das 30 nações mais desenvolvidas, economicamente, no retorno dos impostos pagos pela população. O Brasil continua oferecendo péssima contrapartida aos contribuintes no que diz respeito à qualidade de ensino, aos serviços de saúde, segurança, saneamento básico, bem atrás dos nossos vizinhos Uruguai e Argentina.

E Cintra quer aumentar a carga. E quem é ele para criar tributos, logo ele, o maior defensor, quando deputado federal, do imposto único? Criar tais ônus não é da competência da Secretaria da Receita. E depende de aprovação pelo Congresso e Maia assegura que sequer aumentos serão aprovados pela Câmara. Com o detalhe: O voraz secretário é subordinado ao Ministério da Fazenda, onde Paulo Guedes seria a voz para falar em criar ou aumentar impostos. Detalhe aditivo: na maioria dos casos listados por Cintra, haveria bitributação.

Maio está chegando. O dia 25, por lei resultante de projeto do deputado federal goiano Sandro Mabel, hoje presidente da Federação de Indústrias do Estado de Goiás, foi oficializado como Dia Nacional de Respeito ao Contribuinte. Vamos convidar o cacicão da Receita para a "festa".  

P.S. - Precisamos é reduzir, dentre outros, o ICMS sobre combustíveis, energia e telefonia, taxados acima de 25%, alíquota pertinente a produtos supérfluos. Se esses três componentes do nosso cotidiano forem supérfluos...

28 de abr. de 2019

Trambiques e uso eleitoral inviabilizam a UEG

Câmpus central da UEG, Anápolis
(Foto: Mantovani Fernandes)
Até que enfim o Conselho Universitário da Universidade Estadual de Goiás, a UEG, vai devolvê-la à racionalidade e extirpar dela os tentáculos político-eleitorais criados por reitores mancomunados com os títeres palacianos, os senhores da era da tucanocracia.

Em malversação de recursos públicos - e aqui não estamos falando dos gordos desvios de recursos do PRONATEC -, tais badecos promoveram a banalização do ensino superior, já tão combalido e rebaixado à condição de escola profissionalizante (pertinente apenas ao segundo grau).

Enquanto a Universidade de São Paulo, a conceituadíssima USP, tem apenas 12 câmpus, num Estado com 44 milhões de habitantes e 645 municípios, a UEG tem, num Estado com 246 municípios e 7 milhões de habitantes, nada mais nada menos, que 41, sendo 16 deles com apenas um ou dois cursos e com custos de direção iguais aos maiores.

Reitores, fazendo média política e usando a instituição para fins eleitorais e em benefício de governantes, criaram câmpus nas regiões de interesse, conquistando apoios de prefeitos e das respectivas populações e de municípios adjacentes. Explícita caça aos votos, com a falsa expansão da universidade.

A comunidade acadêmica pode até reagir às mudanças, mas elas são necessárias. O número de cursos não pode continuar esse cardápio de pizzaria. E o campi também tem que ser reduzido, com os câmpus de poucos cursos transformados em pólos dependentes dos maiores. E que os prefeitos entendam que os cursos não serão fechados. Apenas a UEG deixará de arcar com custos mais elevados que a estrutura exige. Mudar para corrigir e melhorar.

A UEG é dos goianos e não pode mais ser instrumento de ambições eleitorais.


P.S. - Ampla e ótima matéria sobre a UEG está na edição deste domingo, de O Popular. É preciso repensar a universidade goiana. Há 10 cursos que já não abrem mais vagas e outros de demanda mínima. Racionalizar é preciso. A estrutura é cara e é o cidadão goiano quem paga a conta.

A insegurança de Bolsonaro e o inimigo imaginário


Na capa de VEJA deste fim de semana, montagem fotográfica mostra um Mourão Tsé-Tung, com o texto dizendo que a ala radical bolsonarista vê o vice como aliado à esquerda. Título: "O inimigo imaginário". Subtítulo: "Por que Bolsonaro está convencido de que Mourão conspira contra o governo".

O braço delirante (para não dizer outra coisa) de bolsomaníacos (acabei dizendo uma delas), na esteira da astrologia de Olavo de Carvalho, crê que o vice quer "puxar o tapete" chefe. Mourão já deu a resposta, curta e grossa: "Se ele (Bolsonaro) não me quer, é só dizer. Pego as minhas coisas e vou embora ".

O presidente está tropeçando na própria falta de confiança. Não conseguiu, ainda, vestir a roupa do cargo. Com os seus filhos tagarelas, ele continua no palanque. Continua o Jair da facada. Inseguro, sabe que a diferença entre ele e o Mourão é que este se comporta como vice-presidente de todos os brasileiros, enquanto o Sr. Jair insiste em ser presidente apenas dos que pensam como ele e aplaudem a sua postura. Prefere dividir o Brasil em "nós" e em "contra nós", quando a maioria dos brasileiros torce, pede e espera pelos seus acertos.

Mourão é, sim, inimigo produto da imaginação dos áulicos. Sabe se comunicar e sabe o que diz, o que não é a praia do titular. Sabe dizer o que o "chefe" não consegue (dificuldade em expor ideias e problemas sérios de dicção, por exemplo). Há, no vice, lucidez e equilíbrio. Tem o que o outro não tem. Residiria aí o temor.

Mourão não é aliado da esquerda. Ele respeita pensamentos e tendências diferentes, sem restrições aos divergentes, em nome da pluralidade inerente à democracia. Aos agentes da insanidade ele já disse que não tem apego ao cargo. Se o "dono" pedir, ele volta para casa.
Aguardemos o que dirá @jairbolsonaro.

P. S. - Independente de posição subjetiva do presidente, ele agiu em proteção ao erário: a permanência no ar da propaganda do BB seria gasto infrutífero. Não pelas personagens, nem pela edição, mas pelo conteúdo publicitário que é zero. Ela, simplesmente, não vende o produto. Tanto que só se soube dela, quando foi determinada a sua retirada do ar. 

22 de abr. de 2019

Brasil em liquidação. Quem dá mais?


Amigos, o Brasil caminha para uma crise institucional. Os três pilares da República foram solapados pela sordidez das ações dos seus próprios componentes. O amanhã promete ser sombrio.

Os peraltinhas barbados do presidente continuam a publicizar as suas flatulências mentais. O próprio pai copia o vandalismo verbal e, via redes sociais, mobiliza os seus sicários digitais em ataque ao vice-presidente Mourão, já temendo tê-lo como concorrente, em 2022. A calçá-lo contra os fardados está o guru do desastre vigente, Olavo de Carvalho. 

O Sr. Bolsonaro, que ainda não assumiu de fato o comando do país, já está pensando na reeleição. É muita pretensão, ambição e irresponsabilidade. Em tempo: Mourão é o único lúcido nessa patacoada da direita, que em nada difere dos atentados à moral e aos bons costumes por conhecidos meliantes de esquerda.

Na esteira do desgoverno, o ministro Guedes, da Economia, esconde os estudos que embasam a reforma a Previdência. No escuro, dificilmente a coisa vai andar. Daí a permanente defesa da tese de que a reforma deve passar por referendo, caso seja aprovada, o que já se desenha como impossível. 

Não bastasse o país estar parado e com o custo de vida disparado (basta passar em supermercados e farmácias etc.), na busca de dinheiro a qualquer modo, temos a nos rondar o fantasma da privatização silenciosa de estatais estratégicas. 

O ministro Guedes não nega que as vendas ocorrerão. Disse que uma delas, será grande surpresa. Seria a Caixa Econômica Federal, já removida da gestão do FGTS e, consequentemente, sem aportes para bancar a sua carteira habitacional. Além da CEF, estarão no menu de vendas a Petrobras, a BR Distribuidora, a Eletrobrás e os Correios.

Uma observação que se faz necessária. O nosso ministro da Economia é banqueiro e a capitalização das aposentadorias,  se passada a reforma, cairá nas mãos dos bancos - um deles o BTG Pactual, fundado pelo próprio e que se beneficiou de reforma previdenciária idêntica à realizada no Chile.

O Brasil vai mal e não se vê lucidez naquele em que 57 milhões de brasileiros acreditaram. Não há transparência e os problemas se avolumam. Como de costume, para os molecotes travessos do clã, a culpa é da imprensa. Pai e filhos falam pelo pódice. Daí coisa boa não sai.

P. S. - O arquivamento da ação contra o Antagonista e a Crusoé não significa fim da censura. Ela continuará enquanto o inquérito permanente não for revogado pelo pretenso dono do STF. Toffoli e Moraes deveriam estar presos, por atentado ao Estado de Direito. . 

21 de abr. de 2019

Catanduva, um São Domingos cheio de lembranças


Praça da República, onde, em 1968, as músicas do serviço de
alto-falantes do Pedro Castilho embalavam
as noites dos enamorados
Catanduva, 1968.  São Domingos que passou em minha vida...  Catanduva do Instituto de Educação e da Fafica. Da Sara da Banca, do Brida e do Brecha. Do José Júlio Felício e da Caninha Crocodilo.  Dos ventiladores Novelli e do Hotel Acácio. Do Nassar e dos irmãos Célio e Miguel Montes. 

Dos vereadores e amigos Carlos Machado, Lúcio Cacciari e Venâncio Lima Ferreira. Dos amigos Antônio e César Díspore. Do Antônio Frezarim, do Dr. Roberto Lima e do Dr. Vicente Celso Quáglia, à época diretor da Fafica.  

Catanduva da Beth Chimello, da Celina Manzano, das irmãs Braccio, da Yara Bailão e da Sílvia Bochini. Da Lurdinha Fávero e da Hermínia. Do Pedro Nechar, do Mistinho Magoga do Ico Ceneviva pai e filho e do Paulo Brochetto.  

Matriz de São Domingos, Catanduva
Catanduva do saudoso Moacir Licht, do seu filho Ricardo (quantas viagens em sua Kombi, para transmitir os jogos do Grêmio pelo interiorzão paulista). Dos seus netos Fernando, Telê e Reinaldo. Do Tulio e do Tulinho Tornatore. Do Dr. Michel Cury e do Dr. José Virgílio Vitta.

Catanduva do Loirinho, massagista co Grêmio (pé de vento) e do saudoso Mamita. Do Leitão, do Milton Flores e do Sérgio Buchianeri. Do Eddie Frey, do Pedro Monteleone e do Libânio Paxá. Do grande amigo e saudoso Altino Rossi.

Catanduva, a terra amada da Zola Dian, dos Grandizolli, do Guido Broglia (Farmácia Radar), e do dr. Quelhas e sua Policlínica. Do Bar do Bid, da Panificadora Belém e da Cabana, do Jorge Biazolli. Do Flórida, na Brasil, em frente à Drogasil, o point da cidade.  

Carnaval 68; 50 mil pessoas agitavam
a Rua Brasil
  
Catanduva, 1968. Carnaval com 50 mil pessoas na Rua Brasil, no enorme e animado e colorido corso. Meu Deus, que saudade da Amália (Marangoni), querida amiga e Rainha do Carnaval Cinquentão. Há exatos 50 anos que não a vejo. E nem a Carmem Sílvia Ribeiro, a linda Rainha da I Exposição Agropecuária de Industrial da cidade. 


Na foto da abertura da I Exposição Pecuária e Industrial de Catanduva, vemos Lola Martin; o Sargento Adriano,  do Tiro de Guerra; Carmem Sílvia Ribeiro, Rainha da Exposição; o prefeito Borelli; a Miss São Paulo, Mariluce Facci; o vereador Venâncio, presidente da Câmara Municipal; atrás dele, Sílvio Leonardi; Alberto Canonici (pai do grande Walker Blaz) e Edmilson Chiodini. Esta foto foi capa da revista A Feiticeira.






Catanduva, 1968, ano da "morte" dos nossos Catanduva Esporte Clube, o Expressinho, e Botafogo Futebol Clube, o Fantasma da Vila, mas não sem antes vivermos a emoção do último Cata-fogo, em 20 de agosto, no estádio Rufino Rodrigues, em Pindorama. O derby terminou ôxo. Ambos morreram sem poder contar vantagem.



O Catanduva de 1968. Em pé,  Luiz Valente, Jair, Neguito, Pompeu,  Quarenta e Alexandre. Agachados, Barrinha, Reynaldo, Pachá, Tatá e Serginho. Em 1969, Serginho me procurou em Goiânia e eu o apresentei à diretoria do Vila Nova. Ele foi campeão goiano e a grande sensação da temporada.




Estavam na Terceira Divisão - hoje, seria a A-3 -, mas eram dois bons times. O "Expressinho"(assim denominavam o alvirrubro) se servia do Estádio Sílvio Salles, onde hoje temos o shopping da cidade. O Bota fazia os seus preparativos no Estádio Antônio Stocco, na Vila Rodrigues, daí "Fantasma da Vila". 

Botafogo1968: Maizena, Chaninha, Zanelatto,
Paulo César, Jurandir e Nelson Fubá.
Agachados: Ti, Godinho, Leocádio, Bica e Diamante.
Só gente boa de bola, nos dois times. E Ciro, meio campista, não estava no time do Expressinho, no dia do pega. Hepatite o tirou de campo por um bom tempo. Barrinha, o ponta, era bom de serviço, mas Reynaldo, Pachá, Tatá e Serginho não ficavam atrás. O tal de Quarenta valia 100. 

No "Fantasma", eu gostava muito do futebol do Godinho, goleador de primeira. Leocádio, idem. Há dois anos, passeava com o Jota Machado por Higienópolis e eis que encontramos Leo, outra máquina de fazer gols. Maizena, goleiraço, pegava tudo. Também no Bota eu conheci outro ótimo goleiro, Marcos Lazarin, a quem fui reencontrar em Goiânia, lecionando Antropologia na Universidade Federal de Goiás. E tinha também o Chimelinho, que foi estudar Medicina aí na nossa conceituada faculdade. 

Catanduva, 1968, novembro, eleições municipais. João Righini, engenheiro do Departamento de Estradas de Rodagem (hoje, Dersa), foi escolhido prefeito, num ano em que o MDB começava a se fortalecer no interior de todo o país. Em Catanduva, Constante Frederico Ceneviva, o Ico, comandava o "Manda Brasa". A Arena era mais forte na cidade e tinha em Orlando Zancaner o seu líder maior na região. Righini venceu. Pedro Nechar, o vice.

Catanduva, um mês depois. Eu me lembro do companheiro Álvaro Costa, da Voz de Catanduva, cuidando de montar o "time" que iria nos representar no programa Cidade x Cidade, do Sílvio Santos, na TV Tupi de São Paulo. O duelo seria com Birigui. 

Cidade x Cidade.  Mariluce Facci, Miss São Paulo 1968,
desfila, representando Catanduva
Eu me lembro do Maizena pegando os pênaltis; do Waguinho (Wagner Gonçalves) cantando a "Última Canção", do Paulo Sérgio; do desfile da Mariluce Facci, nossa linda Miss São Paulo; e do Sílvio Santos "pentelhando" a nossa maravilhosa Amália Marangoni, Rainha do Carnaval.

Cidade x Cidade. Sílvio Santos entrevista a
Rainha do Carnaval Amália Marangoni. 
Ao lado o companheiro Álvaro Costa, da Voz de Catanduva
Também me lembro de que perdemos para Birigui - resultado apertado - e da reação dos catanduvenses. Bronca geral com o "homem do Baú". Muros foram pichados com frases de revolta. Nos programas de rádio, os ouvintes batiam duro e anunciaram boicote ao carnê do Baú da Felicidade. Foi um auê.

Fomos derrotados no dia 07 de dezembro, Seis dias depois, 13, a ditadura militar endurece o jogo com a edição do Ato Institucional No. 5, o draconiano AI-5. Era o instrumento que faltava para a ditadura suprimir os direitos políticos de dissidentes e intervir nos Estados e municípios. Vade retro.

P.S. - Voltarei com passagens outras desta terra musical do Roscopholes, New Sound e dos Sorcerers. E do nascimento do Grêmio Esportivo Catanduvense, do qual, com muita honra, sou um dos fundadores. 

20 de abr. de 2019

A nau dos insensatos


Fakes, exemplos vivos, são os nossos parlamentos. A democracia representativa é uma farsa. O cotidiano nos mostra que os nossos "representantes" não têm compromisso algum com os representados. Às escâncaras, legislam em benefício próprio ou de quem os patrocina. Levianamente, editaram uma Constituição de molde a lhes dar faca e queijo para impor as suas vontades e, mais que isso, meios para a construção de uma ditadura partidária, onde os filiados cre$cem, mas o País e os Estados, não. 

Esse estelionato legalizado - emendas orçamentárias, corrupção parida no governo FHC, para comprar a aprovação da emenda da reeleição - materializa o apoio aos atos do governo como moeda de troca. É o balcão de negócios que tanto tem atrasado o avanço das reformas reclamadas por todos nós.

O governo quer cumprir o seu compromisso com o povo, mas, para isso, tem que empanturrar bolsos de parlamentares - aquela graninha gorda para que façam campanhas eleitorais permanentes, com o uso do sagrado dinheiro público. E isso também acontece nas assembleias legislativas e nas câmaras municipais, Brasil afora. Ninguém está preocupado com o povo ou com governabilidade. Coitado do governante que não consegue comprar votos dessas confrarias.



Dia desses, li nos nossos jornais que deputados da Assembleia Legislativa de Goiás, não afinados com o governo, irão aprovar a emenda constitucional que impõe a execução obrigatória de emendas parlamentares ao Orçamento. Há, inclusive, emenda à emenda aumentando o percentual de recursos a serem tomados do governo, para, só depois, eles apreciarem as mensagens do Executivo. Resumindo: querem, primeiro, cuidar de adubar a reeleição e Goiás e os goianos que esperem.

Argumentam os tais que estão cuidando de levar benefícios para as suas bases eleitorais. Confessus scelusDeveriam estudar sobre a função que  exercem. Aprendam que foram eleitos deputados por Goiás, para legislar pelas causas do Estado, para fiscalizar e investigar, e que o seus compromissos são com todos os goianos e não apenas com as suas chamadas bases eleitorais. 

Deputado não leva obras. Pode sugeri-las ao Governo e cobrar por elas, mas não levá-las. Não lhes cabe lidar com recursos. Deputado legisla e fiscaliza e, como poder representativo da população, também tem que ser pilar da governabilidade. Mas, pelo modus operandi, preferem usufruir do mensalão legalizado. Pena.


Li, também, que a indefinição quanto à nomeação de nomes indicados para cargos comissionados estaria tornando maior a insatisfação de vários deputados com o governador Caiado. Eles se sentiriam "levados de barriga", como se houvesse desinteresse do governo no atendimento aos seus pleitos.

Parece-me que estão tomados pela insensatez. É da sabência de todos que, primeiro, o Estado está "quebrado" e, segundo, que os gastos com a folha de pagamentos está acima do limite máximo estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Terceiro, que só com a reforma administrativa será possível reestabelecer os parâmetros legais e se promover contratações. Fazê-las agora, aumentando ainda mais o rombo herdado, seria cometer crime de responsabilidade fiscal. Tanto que os aprovados em concursos para áreas carentes estão com as suas nomeações impedidas. 

Exigir ilegalidade administrativa do governador para materializar indicações, mais que insensatez, será atestado de irresponsabilidade e atentado à lei, à moral e aos bons costumes. Alegações ouvidas dão conta de que estariam sendo alvos de ataques adversários, de que não teriam força alguma junto ao novo governo.

Que pensem em Goiás e esqueçam essas coisas da politicalha. Em política séria, tudo é feito à sua hora. Bobagem se preocupar com as viúvas da irresponsabilidade que as amamentou por muito tempo. Elas estão com as bocas secas. Perderam as tetas.

Espera-se que a normalidade  administrativa se dê a curto prazo, em todos os níveis, para o desafogo do presidente e dos governadores. Neste status quo, estão comendo o pão que antecessores irresponsáveis amassaram.

P. S. - A fé em Cristo faz renascer esperanças e nos dá força para a construção dos nossos sonhos e ideais. Tenha fé nELE, mas também a tenha em você. Tudo está em suas mãos. Acredite e vença. Feliz Páscoa!  

18 de abr. de 2019

A vox populi e o crocito dos corvos


Caça aos críticos do Judiciário. A decisão do presidente do STF, Dias Toffoli, e a ação de seu agente do abuso, Alexandre de Moraes, são atentados à democracia. Não existe pátria de intocáveis e não queiram ambos nos intimidar, jornalistas e cidadãos. 

O STF, como instituição, é, sim, respeitado, menos por alguns de seus ministros, indivíduos de posturas e ações dúbias, algumas das quais em afronta à própria Constituição, da qual - pelo visto, apenas teoricamente - deveriam ser guardiões. 

Censurar uma revista e um site por veicular notícias contidas em autos da investigação da Lava Jato e, portanto, extraída de fonte oficial e confiável de investigação, sob a alegação de que se trata  de "fake news", é achar que todos somos, a seu ver, pátria de imbecis.

A repulsa ao ato se faz maior dada à desfaçatez de Toffoli, motu proprio, instituir um tribunal de exceção, fazendo de seu "cúmplice" Moraes o Andrey Vychinsky tupiniquim, ambos protagonistas desta afronta ao estado de direito que, com muita luta, conseguimos construir. 

Um dos equívocos da nossa Carta Magna, de 1988, foi a introdução do quinto constitucional, instrumento que permite à OAB e ao Ministério Público, nas esferas federal e estadual, indicar, em lista a ser submetida ao presidente da República e aos governadores, os nomes a serem por eles escolhidos, para as Cortes de Justiça superiores e as estaduais. Nomeia-se quem nunca julgou nada na vida. Não são julgadores de carreira e nem estão ali por mérito, mas por escolha política. 

Deveriam estar lá em cima juízes que começaram cá em baixo e, por mérito e tempo, galgaram etapas, até chegarem ao topo. Ou fichas limpíssimas aprovados em rigoroso concurso e sabatinados pelo Congresso. Mas não é o que se vê. Togados comprometidos com os governantes que os escolheram e nomearam ou com forças afins - eis o que temos.

O STF tem que merecer, antes do nosso, o respeito dos que o compõem. Talvez seja esperar muito de Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Lewandowski e similares. Ações como o cala boca, a mordaça, a censura estúpida via conduta abusiva dos que têm a certeza de são deuses, estas, sim, enlameiam a imagem da nossa Suprema Corte.

P.S. - Não será com arrogância, abuso de poder e faniquitos de pseudos juízes que a vox populi se fará muda. Contra ela soa rouco o crocito dos corvos.

15 de abr. de 2019

A mão da ajuda e o punhal de Brutus


Ser humano. Denominador comum. Apenas, ser. Humano é marca de fantasia (false mark). A cada gesto, a cada palavra, a cada ação, só existe a primeira pessoa. Os seis pronomes do caso reto são um só: EU.

Nem todos os seres. Não generalizemos, claro. Há muita gente boa. Ao longo desta minha vida septuagenária, vi, vivi e aprendi lições. Honradez e retidão, caráter e responsabilidade trazemos do berço. São os ingredientes que fazem com que atravessemos o mundo, sem sermos cínicos, hipócritas, falsos, levianos, falaciosos... Nem todos têm a felicidade de ter os pais que tivemos. Ainda assim, poderiam se inspirar em bons exemplos e se construírem melhores.

Das lições trazidas de casa, ajudar o próximo foi uma das mais importantes e dela fiz e continuo fazendo uso, pela estrada da vida. Fazer o bem sem olhar a quem, diz o dito. Faça-o sempre, mas nunca espere (e jamais cobre) gratidão. Cumprir a nossa parte é o que importa. É assim que devemos ser e fazer. Mas, no fundo, bem lá no fundo, a gente sente quando aqueles a quem estendemos a mão, externando falsa amizade, se tornem algozes gratuitos. Teriam inveja? Seriam incapazes? Ou pobreza de ou em espírito?

De repente, acontecem essas tristezas ao longo desta via crucis. Fazemos de conta que não, mas dói, sim, quando os "joões-ninguém" que você ajudou a colocar em cena o agradecem com o punhal de Brutus. Brutal canalhice. 

Ainda assim, felizmente, o humano do nosso ser nos impede que não deixemos de estender a mão da ajuda. Dos coitados apiedemo-nos, ainda que ingratos, detratores, pérfidos. E os ajudemos de novo, até que entendam e aprendam que só não se torna bom caráter os que, como eles, querem subir na vida a qualquer custo, sem se importar com os meios, traindo amigos, vendendo a alma. Aproveitemos para lembrá-los de que a escada que sobe é a mesma que desce e que o juiz dos nossos atos está lá em cima, atento. 

P.S. - "Nenhum mentiroso tem uma memória suficientemente boa para ser um mentiroso de êxito" (Abraham Lincoln)

14 de abr. de 2019

Catanduva, rio que passou em minha vida e meu coração se deixou levar

Catanduva, 1968, a Cidade Feitiço.
Paz e qualidade de vida
Catanduva, 1968. Comecinho do ano. Uma manhã de sol e de gostosa brisa. Desci do ônibus na praça da Matriz de São Domingos. Andei umas três quadras para chegar ao meu destino: Rua Amazonas, 333. Painel luminoso em cima: Emissora A Voz de Catanduva.


Mais que uma emissora de rádio, uma família
Eu chegava de São José do Rio Preto, da Rádio Independência. Alexandre Macedo, o subcomandante, havia me "emprestado". Júlio Cosi, o nosso comandante geral, havia terminado de montar A Voz e a transferido para as mãos catanduvenses dos meus futuros amigos Esmar Gabriel Aun, Angelin Cazellatto e João Alberto Caparroz. Trio maravilhoso.

Entrei no saguão da rádio. Fui recebido com largo sorriso por Sandra Mara Medrano, a querida Sandrinha, hoje Senhora Pedro Gonzalez, ele grande amigo que foi conquistar a pauliceia, primeiro, no departamento comercial do SBT e, depois, no da Rede Record, onde trabalhamos juntos num passado mais recente.

Sandrinha logo anunciou a minha presença ao diretor geral da rádio, Nelson Antônio Gonçalves, o NAG. "Até que enfim apareceu. Estou à sua espera faz uns três meses" - disse-me, logo substituindo a carranca por um largo sorriso. 

Apresentou-me ao seu diretor de programação, que viria a ser meu pai, irmão e amigo de todas as horas, Carlos Alberto Magalhães, uma das vozes mais lindas que já ouvi, e ao meu anfitrião, José Antônio Rosinha, o Zezo, que cuidou de arrumar a minha hospedagem, de me mostrar a cidade e a apresentar os meus companheiros de casa.

Álvaro Costa era o diretor comercial. Nelzo Bizarri, grande amigo, cuidava dos Recursos Humanos. Havia duas Lurdinhas: a discotecária, Lurdinha Bocchini, um doce de pessoa e que o casamento levou para Paulínia (alô, Sérgio, abraço), e a da programação comercial, que se casou com o Zezo (Maria de Lurdes Rosinha) e foi para a locução - voz feminina de encantar os ouvidos. São maravilhosos os seus áudios dos Evangelhos.

A nossa programação era bem popular. Santo Colin e Nhô Renato comandavam os programas sertanejos. Às 7, o Bom dia, trabalhador, com Álvaro Costa, seguido pelo programa do astrólogo Omar Cardoso (Bom dia, mas bom dia mesmo). Magalhães fazia a parada musical "13 às 13". Zezo era campeão de correspondência com o "Sua carta vale música".

Às 15, José Alfredo Luiz Jorge (que foi prefeito da cidade por duas vezes), tinha a sua "Festa de Arromba", para o público jovem, feito do saguão da rádio, sempre cheio de adolescentes. Além dos meus programas "Bom de brasa" (pela manhã) e "Juventude e Ternura" (da meia noite às duas da matina), tínhamos os programas do Douglas Vitório e da Marina Zancaner Britto, Miss Catanduva 1967 e que apresentava todos os dias, às 6 da tarde, o Encontro Social.   

Reforços foram contratados ao longo do tempo, dentre eles o Dionísio da Ponte, que fazia o "Madrugada na Taba", na Rádio Tupi; Ailor Barbosa, bom capixaba; Virgílio Brito, que eu trouxera da Rádio Assunção de Jales (trabalhamos juntos, antes, em Rio Preto; José Mário de Vitto, repórter, e Maurílio Vieira, locutor, editorialista, vozeirão e talento (foi vereador). Ele e de Vitto eram da nossa concorrente, Rádio Difusora. 

No esporte, juntamente com Sérgio Mesquita, eu produzia os programas esportivos, os apresentava, fazia reportagens e narrava jogos. O narrador titular, extraordinário, era o Nelson Antônio. Magalhães e Esmar eram os comentaristas. O tempo muda as coisas. Nelson foi embora, eu passei a narrar, José Alfredo foi promovido a comentarista. Foi quando lancei o Augusto (Guy) Quelhas, um jovem torcedor e ouvinte da rádio, como repórter de campo. Ficou bom demais. Virou narrador de primeira e passou pelas principais emissoras de São Paulo.
Em foto recente, em frente à Câmara de Catanduva:
o hoje saudoso Toninho Grandizolli, nosso discotecário,
eu e Augusto Quelhas, o Guy
O então patrão Esmar Gabriel Aun nos deixou. Havia transferido a rádio para João Alberto Caparroz, iniciando-se aí a fase de ouro da "Voz". Além dos jogos locais, transmitíamos clássicos paulistas e, principalmente, os jogos da seleção brasileira. Estivemos no Maracanã dezenas de vezes. Idem no Maracanãzinho, onde transmitíamos o Miss Brasil, evento que se tornou tradição na emissora, depois que, em 1968, a catanduvense Mariluce Facci foi eleita Miss São Paulo. 





Mariluce Facci,
Miss Catanduva, 
em traje típico,
simbolizando a
riqueza da região
e de São Paulo,
a terra dos
cafezais.
Mariluce Facci,
Miss São Paulo 1968
Não posso deixar de registrar os nossos operadores de áudio, todos talentosos. Dejair Augusto, hoje pizzaiollo em Pindorama, foi o pioneiro, juntamente com Marinho Merchiori, Ricardo Farah, Kiko Peres e o meu irmão/amigo Jota Machado, que, depois, ótimo locutor se fez. E o Helinho, responsável pelos transmissores. Também conosco ali dois grandes riopretenses, Miguel Carlo Adas e Pérgio Pinheiro, com quem havia trabalhado na Rádio Independência. Éramos uma família. João Alberto Caparroz o "pai". E que pai!


O compositor Jorge Costa, a Rainha do Carnaval 68,
Amália Marangoni e o fantástico Wilson Simonal
Há muito a se contar dos meus tempos na "Cidade Feitiço", a "Sorcerer City". Dos seus bailes no Clube de Tênis ou Clube dos 300. Dos seus carnavais de rua, com carros alegóricos e escolas de samba (soube que acabou o melhor carnaval do interior paulista). Dos tempos de Botafogo e Catanduva que, extintos, deram lugar ao Grêmio Esportivo Catanduvense, criado por José Marques Romero e do qual todos nós, da Voz, somos sócios fundadores. 

Catanduva da Rádio Difusora, dos queridos Lecy Pinotti, Wilton José, Pedro Gomes, Luiz Carlos Teixeira, João Elias (o saudoso Salim Muchiba, da escolinha do Professor Raimundo), Nhô Sabido, Álvaro Franklin, Luiz Alberto Dotti. Difusora que nos deu uma das mais lindas vozes do Brasil, pessoa maravilhosa e um dos profissionais mais conceituados do rádio brasileiro, Walker Blaz Canonici. Voz padrão da Bandeirantes por mais de 30 anos, é voz oficial da HBO.


Walker Blaz Canonici, voz oficial da HBO
no Brasil e América Laina
Catanduva do Tchau Bello, do Flórida Restaurante, dos cines Bandeirante e Tropical. Do Café Central, onde se sabia de tudo. Dos desfiles monumentais no aniversário da cidade, que é comemorado hoje. São 101 anos.

Catanduva do Padre Albino, que chegou à cidade em 1938, 14 dias após a sua emancipação. Prestou relevantes serviços, dedicando-se aos mais necessitados. Criou uma fundação com o seu nome, que é a mantenedora do principal hospital da cidade (Hospital Padre Albino) e da Faculdade de Medicina.


Abril de 1968: o Padre Albino recebe das mãos
do prefeito Borelli, o título de
Cidadão Benemérito de Catanduva

Catanduva, cidade feitiço, de lindas mulheres, de poesia, arte, talento. Saudade da sua estação ferroviária, quando os trens ainda transportavam pessoas. Rememoro as emoções vividas no Estádio Sílvio Salles. dos carnavais que transmitimos. Das enchentes do São Domingos, o rio que corta a cidade. Pretendo colocar em livro essa história. Há amigos que vieram depois e que ajudaram a escrever um pouco mais essa época de ouro. 


Catanduva hoje, sempre Cidade Feitiço
Beijos a Catanduva, pelos seus 101 anos. Que Deus a abençoe e aos catanduvenses, hospitaleiros e felizes. Amo esta cidade. Parafraseando Paulinho da Viola, o São Domingos passou em minha vida e o meu coração se deixou levar...  

12 de abr. de 2019

Nem só os peixes morrem pela boca

Presidente Jair Bolsonaro (Foto: Adriano Machado/Reuters)
Temos alguém sentado no sólio, mas não temos governo. Ou, temos um presidente com um lema, mas sem plano. Temos o homem, mas não as ideias. O capitão vai mal. Parece que o apraz improvisar. Foi deputado sem conteúdo e mantém o estilo. Avisem-no: o silêncio é ouro. Vale, também, para os seus pimpolhos travessos. Todos andam falando demais, mas papai, como presidente, tem o dever de saber o que faz e o que diz. 

Pelo visto, lido e ouvido, a língua continua solta. Rememoremos algumas, en passant. Sobre a comemoração de 31 de março: "Se não conseguir governar, chamarei os militares". Esqueceu-se de que estamos na democracia, o voto põe, o voto tira.

Sobre o Holocausto: "Nós podemos perdoar, mas não podemos esquecer". Os judeus não gostaram. 

Sobre o nacional socialismo de Hitler: "O nazismo alemão foi um movimento de esquerda". Os tedescos o desancaram. Franceses, ingleses, poloneses e russos, idem.

Ontem, sobre os 80 tiros de soldados do Exército, resultando na morte de um músico, no Rio: "Houve um incidente". Com um tiro, poderia, sim, ser um incidente, mas com 80? Pegou mal. 

Sexta-feira, 12. Sobre o "desaumento" do diesel, sem imaginar o "desbronco" resultante do seu arroubo, disse o que todos já sabem: "Não sou economista. Já  falei que não entendo de economia". 

Não entende, mas mete o bedelho. Por conta do seu telefonema, suspendendo o reajuste no preço do diesel, a Bolsa de Valores de São Paulo fechou a sexta-feira em forte queda, pressionada pelo tombo das ações da Petrobras. Aquela ligaçãozinha, jogando para a plateia, fez a nossa estatal perder quase R$ 34 bilhões, em valor de mercado. 

O baque foi causado por preocupações sobre a liberdade operacional da nossa petrolífera, após a companhia ter voltado atrás sobre o aumento do preço do diesel. Na quinta-feira, após o fechamento do pregão, a Petrobras era avaliada em R$390,52 bilhões. Na sexta, R$34 bi a menos. Eis o que custou o telefonema do "prisa", que nada sabe de economia e que, antes de intervir, deveria ter consultado o seu ministro especialista na área.

Em reunião com o FMI e com o Banco Mundial, em Washington, Paulo Guedes tentou desconversar e saiu do cerco dos jornalistas dizendo ter "um silêncio ensurdecedor para os senhores". Admitiu, contudo, ser "uma inferência razoável, aparentemente", a afirmação de que Bolsonaro não o consultou sobre a intervenção na Petrobras. Foi um desastre.

O Brasil torce pelo presidente, pelo êxito do seu governo. Que ele queira acertar e que coloque, verdadeiramente, o país acima de tudo.

P. S. - A reforma da Previdência, nos moldes encaminhados, não vai passar. O ministro Paulo Guedes insiste e, segundo ele, o presidente Bolsonaro não é apaixonado pela proposta, mas entende a sua importância. 

11 de abr. de 2019

A mão da fome e o copinho de "pelo amor de Deus"


Vade retro com as tevês. Viraram altares em louvor à desgraça. Não se vê notícias positivas, como se o mundo fosse um desfile de obras do diabo. Opus enim hominis. Não se fala em vida, só em morte. Os risos, ao que parece, foram lavados das bocas. Odes às lágrimas.

Não diferentes as revistas e jornais. Parece que coisas boas estão proibidas por aqui. Dizem que deus é brasileiro. Acho que esqueceram de avisá-lo. Perguntam onde ele estava, quando o temporal afogou o Rio. Por que não indagam isso aos donos das mãos que agridem a natureza? Pascácios.

E la nave va... Há, também por aqui (e a cidade está cheia), mãos estendidas a pedir. Assusta a recidiva da mendicância, problema social que se agrava a cada dia que passa, com o crescimento do mundo dos desesperançados.

Converso com eles. Deixaram de sonhar - os seus sonhos já nascem mortos. Não têm profissão. São os "faz tudo", lançados na selva da vida, sem lenço e sem documento. Junto, levam as suas mulheres e filhos. Sofrimento tamanho família. 

O desemprego cresce. Somos mais de 13 milhões no olho da rua. O presidente nega e a sua ministra de Agricultura diz que, quem tem pé de mangas no fundo do quintal, não passa fome. Caso explícito de flatulência mental. 

P. S. - Rio 80 tiros,10 soldados. Inocentes fuzilados. Soldados de guerra não são policiais. No mais, a ministra do pé de mangas não disse, mas, hoje, estamos com 152 tipos de agrotóxicos de volta às nossas lavouras. Deveriam inventar um para exterminar maus políticos.   

Goiânia, 1969. Tempos de Zezinho (Christian), Hipopota, Arthur Rezende...

Arthur Rezende, dono da audiência com o seu
A Juventude Comanda
Bye bye 1969. Não poderia sair sem registrar alguns pontos que marcaram a minha primeira passagem por este Goiás lindo de goianos maravilhosos. 

Lembrar os tempos da boate Cafuné, anexa ao Hotel Presidente, na Anhanguera, em frente ao Jóquei, frequentada pela alta. Ou da Monalisa, lá em Campinas, onde a noite era uma criança. Paraísos dos notívagos, em que a vida era vivida como se fosse o último dia.

Saudade das noites goianas no Chafariz, choperia instalada sobre a biblioteca municipal, na Praça Universitária. Era o novo point da cidade.

No esporte, além do futebol, havia o turfe. Os sábados eram movimentados no Hipódromo Ubirajara Ramos Caiado, na Lagoínha. Mas também havia a turma do pé na tábua. Em feriados importantes, motores em alta.  A partir de onde é a Praça Tamandaré, saiam da frente. A Assis Chateaubriand era terra pura - cascalho, na verdade -, onde os nossos "pequilotos" pisavam fundo, arrancando aplausos e transpirando emoção. O Minho era (e ainda é) o "doutor em motores". Ah, e havia o ronco de motos, também, by Paulo Boettcher, José Luiz Bueno et alii.. 

Não diferentes, as corridas de kart. As pistas eram delineadas por pneus, nas partes interiores da Praça Cívica. Ou na Praça Boaventura, na Vila Nova, onde também transmiti bons pegas. O superintendente dos Diários Associados, Francisco Braga Sobrinho, adorava esportes, e Roberto, seu filho mais velho, era um dos ases no kart. Outro dos nomes da turma do "pé na tábua" e que se consagrou como um dos maiores jornalistas brasileiros na área, é Fernando Campos, que escreveu a história desse esporte em Goiás, pelo seu Rodas & Motores.  

Goiânia, de onde o menino Zezinho saiu do Mundo é das Crianças, de Magda Santos, TV Anhanguera, para ser Christian, das balada internacionais e que se eterniza, com o irmão Ralf, no mundo da música sertaneja verdadeira. 

TV Anhanguera, onde Maurílio Netto editava o "Ladrão de Show", maionese musical feita com a colagem de trechos de programas musicais e humorísticos da Globo. Onde José Divino apresentava os noticiosos noturnos e Nickerson Filho fazia o esportivo "Dois na Bola", que vim a comandar bem depois, nos anos 80.


O uberlandense (e vilanovense) coronel Hipopota
TV Anhanguera, onde, aos sábados, o saudoso Maximiliano Carneiro, o Coronel Hipopota, enchia Goiânia de alegria com a sua "República Livre do Cerradão", musical com artistas locais, calouros e as suas lindas "hipopotecas", ao molde das chacretes de Abelardo Barbosa. Hipopota, chapelão aba larga, grande, porém menor do que o coração vilanovense que batia naquele peito.    

TV Anhanguera, onde Wladimir Araújo, Odair José, Ângelo Máximo, Wander Arantes, o Esquema 5 (conjunto musical do Mazinho/Lorimá Dionísio, Cesinha Canedo, Rodolfo e Cidinho), Os Zambis (do Júnior Câmara, Gulliver Leão, Nando Rocha Lima), dentre outros, agitavam o final das tardes de domingo, no A Juventude Comanda, do Arthur Rezende.   

Goiânia, 1969, ano em que Lindomar Castilho lançou o seu primeiro elepê em espanhol e Colombo Baiocchi criava a Caderneta de Poupança Inca. 

Goiânia cidade limpa. Felizes 300 mil habitantes. Mutirões fazem casas. Nasce a Vila Redenção. Íris prefeito. O Mutirama seria inaugurado no dia 22 de outubro. Dois dias antes, a ditadura vigente o cassou. Saudade daqueles dias de paz, cores e alegria. Bons tempos.

P. S. -  Para ouvir Zezinho (hoje Christian), em trenzinho triste, clique no link abaixo.

Zezinho (Christian), em Trenzinho triste.




10 de abr. de 2019

Caiado, 100 dias de luta, sem dias de descanso

Caiado: destemor, garra e credibilidade na
reconstrução de Goiás

Caiado, 100 dias. A garra do leão branco na proteção do que sobrou da voracidade da alcateia insaciável. Foi um festim diabólico dos lupinos que fizeram de Goiás o paraíso para os seus desvarios e ambições, à custa do bolso de quem paga a conta: nós, goianos, evidente.

Eu o conheço e ao seu acalentado sonho: governar o Estado. Goiás é tudo para ele. Esperava dificuldades, não o caos, mas sabia que deixariam terra arrasada. A crônica da herança bandida estava anunciada, escrita pelos últimos atos do antecessor.

Caiado 100 dias. Sem dias de alegria plena, sem dias de descanso, sem dias de dinheiro em caixa. O que entra, sai. Os sacripantas banidos pelo voto, antes de pegar o caminho de casa, cuidaram de minar todo o terreno. Desprovidos de compromisso público, atolaram o Estado em dívidas, ao tempo em que davam sumiço ao dinheiro da criminosa venda da Celg.

O ex-governador José Eliton, destituído pelo voto, bem como o seu antecessor, também massacrado pelas urnas do Senado, devem explicações ao povo goiano que, nos últimos 20 anos, neles havia confiado. Mercadejaram interesses, atenderam patrocinadores eleitorais, solvendo tudo o que lhes deviam, nos moldes da velha lei da compensação.



Herança maldita: 11 milhões em caixa e um déficit de 3 bilhões e meio. A saúde caindo pelas tabelas. A educação, idem. Também a segurança e a infraestrutura. A folha, que deveria chegar, no máximo, a 60% da receita, estava maquiada, acima de 80, num artifício perigoso e criminoso, burlando normas e alardeando falso cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal - e, não à toa, se pede que o pessoal desapeado seja chamado a prestar contas.

Com o caixa arrombado, a ginástica que o governador Caiado faz dele exige esforço hercúleo. Hábil, tem articulado parcerias políticas com os prefeitos e estreitado laços com a União. Tem buscado saídas - uma delas a atração de investimentos externos, buscando reaquecer a economia do Estado e ampliar o mercado de trabalho. 


É um forte. Dispõe de lastro político, de credibilidade e de inegável conteúdo moral. Não corre da raia. Ao contrário dos que sucedeu, vai ao povo e, olho no olho, fala do governo com todos. Ele se fez político moldando-se pela transparência e austeridade, responsabilidade e compromisso público.

A verdade acima de tudo e de todos. Ele sempre foi assim. Acusam-no de direita radical - mas são da esquerda radical os que o combatem, duelo natural entre ideologias díspares. Tem defeitos, como todos nós temos, mas é um democrata, um liberal, extremamente intransigente quanto à moral e ao rigor dos bons costumes.

O seu sonho de governar Goiás se fez realidade. Uma brutal realidade, sabemos nós, mas ele já provou não temer o desafiador rodeio da vida. Aprendeu, desde cedo, a laçar, a montar e a domar dificuldades, a botar-lhes freno e sela, dispensando as esporas - elas não são necessárias aos que sabem o que faz.

Discordei e discordo dele na leitura de certas e raras situações e/ou circunstâncias. Fosse eu governador, por exemplo, teria pago a folha de dezembro, seguindo a ordem natural das coisas. A irresponsabilidade inaceitável é do antecessor, mas o devedor é o Estado e cabe a ele, como novo gestor do erário, resgatar pendências. 


Conheço muito bem o governador Ronaldo Caiado. Ele é cidadão político, uno, não um e outro. Como ele diz, "duas caras só a da marca da enxada". É um homem que dignifica a instituição. Acredito na pessoa dele, nos seus propósitos e confio que fará do seu sonho uma realidade construída com determinação e perseverança, tendo como argamassa o amor e o respeito a Goiás e aos goianos.

P.S. - Aos do governo lá de cima: o povo não quer saber de guerras ideológicas. Quer é saúde, habitação, emprego, segurança e, principalmente, educação, para que tenhamos um Brasil melhor. Apud Lobato, "um país se faz com homens e livros"
.

6 de abr. de 2019

Reforma da Previdência sem referendo é golpe!


Parem de brigar por conta de 1964, onde houve, sim, golpe e ditadura. Preocupante - e a ele não estamos nos atentando - é o golpe que está se dando agora, em 2019, com a privatização do Estado. Infelizmente, a mídia, perdida em suas redações partidarizadas, não ouve a voz das ruas. Ouvisse, saberia que ao povo não interessa se nazismo é de direita ou esquerda, se Vélez e Damares existem ou não, et escambau. As pessoas querem saber onde estão os empregos, a assistência médica, a polícia para espantar os bandidos e detonar traficantes (cansou de esperar e viu que o Judiciário inexiste). E querem saber como vai ficar o fim da vida, pois também está em conluio um golpe fatal nas suas aposentadorias.

Em conluio e em curso. O presidente traz a reforma, o Congresso a aprova e ao povo restará apenas o papel de vítima nessa tragédia. Antes de qualquer ato reformista, é preciso que o Congresso estabeleça que A EMENDA DA REFORMA SÓ SERÁ PROMULGADA APÓS O SEU TEXTO FINAL SER SUBMETIDO A REFERENDO

Traduzindo: a reforma só vai valer se o povo for consultado, indo às urnas para dizer SIM  ou NÃO ao que esses senhores pretendem. Afinal, a emenda vai mexer com a vida de todos os brasileiros e os  nossos parlamentares, pela má fama de sua maioria, não têm legitimidade para representar o interesse de 200 milhões de brasileiros. Deputadinho e senadorzinho que trocam votos por liberação de emendas ou cargos públicos, não podem sequer se insinuar donos do direito de falar em nome dos seus eleitores. Ali, pesam, sim, os seus interesses, não os da Nação.

Os antevejo escalando a pirâmide das suas arrogâncias e alardeando os seus poderes: o que decidirmos estará feito e pronto. Avisemos aos senhores do escambo que não é assim, não. O povo é soberano e precisa ser consultado. É o dono do interresse e pelo direito dele ser ouvido nós temos que lutar. 

Mas, pelo que vemos, lemos e ouvimos, NINGUÉM está preocupado com isso. NINGUÉM. Nem a imprensa, que, aliás, não observa e, se o faz, não diz, que o nosso governo está sendo privatizado, que os nossos bancos oficiais estão sendo tirados do circuito, com o predomínio dos bancos privados em tudo etc. Já li sobre Bradesco Privatização FGTS - Petrobras, e, também, sobre o apetite dos não poucos bancos de capitalização, todos de olho na reforma da Previdência. 

Curiosamente, um deles é o BTG Pactual, que já atua no Chile, onde impuseram reforma similar à que pretendem aqui. Ainda curiosamente, boa parte dos canais a que assisto na TV tem exibido suas propagandas comerciais. Também curiosamente, este banco, que nasceu em 1983, foi fundado pelo hoje ministro de Economia e Fazenda, Paulo Roberto Nunes Guedes. 

P. S. - Privatizar, mas com transparência, sem dano ao essencial. Mas com transparência absoluta. E cabe alerta último aos nossos deputados e senadores: reforma previdenciária sem referendo é golpe.