28 de abr. de 2019

Trambiques e uso eleitoral inviabilizam a UEG

Câmpus central da UEG, Anápolis
(Foto: Mantovani Fernandes)
Até que enfim o Conselho Universitário da Universidade Estadual de Goiás, a UEG, vai devolvê-la à racionalidade e extirpar dela os tentáculos político-eleitorais criados por reitores mancomunados com os títeres palacianos, os senhores da era da tucanocracia.

Em malversação de recursos públicos - e aqui não estamos falando dos gordos desvios de recursos do PRONATEC -, tais badecos promoveram a banalização do ensino superior, já tão combalido e rebaixado à condição de escola profissionalizante (pertinente apenas ao segundo grau).

Enquanto a Universidade de São Paulo, a conceituadíssima USP, tem apenas 12 câmpus, num Estado com 44 milhões de habitantes e 645 municípios, a UEG tem, num Estado com 246 municípios e 7 milhões de habitantes, nada mais nada menos, que 41, sendo 16 deles com apenas um ou dois cursos e com custos de direção iguais aos maiores.

Reitores, fazendo média política e usando a instituição para fins eleitorais e em benefício de governantes, criaram câmpus nas regiões de interesse, conquistando apoios de prefeitos e das respectivas populações e de municípios adjacentes. Explícita caça aos votos, com a falsa expansão da universidade.

A comunidade acadêmica pode até reagir às mudanças, mas elas são necessárias. O número de cursos não pode continuar esse cardápio de pizzaria. E o campi também tem que ser reduzido, com os câmpus de poucos cursos transformados em pólos dependentes dos maiores. E que os prefeitos entendam que os cursos não serão fechados. Apenas a UEG deixará de arcar com custos mais elevados que a estrutura exige. Mudar para corrigir e melhorar.

A UEG é dos goianos e não pode mais ser instrumento de ambições eleitorais.


P.S. - Ampla e ótima matéria sobre a UEG está na edição deste domingo, de O Popular. É preciso repensar a universidade goiana. Há 10 cursos que já não abrem mais vagas e outros de demanda mínima. Racionalizar é preciso. A estrutura é cara e é o cidadão goiano quem paga a conta.

A insegurança de Bolsonaro e o inimigo imaginário


Na capa de VEJA deste fim de semana, montagem fotográfica mostra um Mourão Tsé-Tung, com o texto dizendo que a ala radical bolsonarista vê o vice como aliado à esquerda. Título: "O inimigo imaginário". Subtítulo: "Por que Bolsonaro está convencido de que Mourão conspira contra o governo".

O braço delirante (para não dizer outra coisa) de bolsomaníacos (acabei dizendo uma delas), na esteira da astrologia de Olavo de Carvalho, crê que o vice quer "puxar o tapete" chefe. Mourão já deu a resposta, curta e grossa: "Se ele (Bolsonaro) não me quer, é só dizer. Pego as minhas coisas e vou embora ".

O presidente está tropeçando na própria falta de confiança. Não conseguiu, ainda, vestir a roupa do cargo. Com os seus filhos tagarelas, ele continua no palanque. Continua o Jair da facada. Inseguro, sabe que a diferença entre ele e o Mourão é que este se comporta como vice-presidente de todos os brasileiros, enquanto o Sr. Jair insiste em ser presidente apenas dos que pensam como ele e aplaudem a sua postura. Prefere dividir o Brasil em "nós" e em "contra nós", quando a maioria dos brasileiros torce, pede e espera pelos seus acertos.

Mourão é, sim, inimigo produto da imaginação dos áulicos. Sabe se comunicar e sabe o que diz, o que não é a praia do titular. Sabe dizer o que o "chefe" não consegue (dificuldade em expor ideias e problemas sérios de dicção, por exemplo). Há, no vice, lucidez e equilíbrio. Tem o que o outro não tem. Residiria aí o temor.

Mourão não é aliado da esquerda. Ele respeita pensamentos e tendências diferentes, sem restrições aos divergentes, em nome da pluralidade inerente à democracia. Aos agentes da insanidade ele já disse que não tem apego ao cargo. Se o "dono" pedir, ele volta para casa.
Aguardemos o que dirá @jairbolsonaro.

P. S. - Independente de posição subjetiva do presidente, ele agiu em proteção ao erário: a permanência no ar da propaganda do BB seria gasto infrutífero. Não pelas personagens, nem pela edição, mas pelo conteúdo publicitário que é zero. Ela, simplesmente, não vende o produto. Tanto que só se soube dela, quando foi determinada a sua retirada do ar.