17 de mai. de 2019

As marchas e contramarchas do capitão

Flávio Bolsonaro, o filho número 01, é problema
para o papai presidente (foto: El País) 
O presidente Jair Bolsonaro tem se dado a copiar posturas de petistas antecessores. De Dilma, repete a incapacidade de transitar propostas no Congresso. Não se trata de barganhas (embora ali existam tais mercadores), mas de entendimento político para consolidar apoios às suas propostas. O capitão precisa entender que, sem o Congresso, nada flui. Dilma insistiu na queda de braços e dançou. 

Num país decente, sério, ele estaria com a razão. O parlamento existe para fiscalizar e aprovar leis, mas o nosso, historicamente, é gigolô do Executivo. Aqui, para mudar isso pelo voto, com a péssima educação que oferecemos aos brasilinos, sendo otimista, creio que daqui a uns mil anos. A curto prazo, só com um golpe. Fechar tudo, começar de novo. Enquanto não forem mudadas as regras do jogo vigente, se entender com os tais senhores e senhoras é necessário. 

Quanto ao plágio a Lula, pega mal esse discurso roto de que "investigam os meus filhos só para me atingir". Luiz Inácio dizia o mesmo em relação aos  seus pimpolhos. 

Papai Jair, que se elegeu com o discurso contra a corrupção e de caça aos ladrões do dinheiro público, deveria, como genitor do 01 e como presidente do País, usar a irretorquível postura dos probos, dos íntegros e dos que bons exemplos devem dar: que se apure tudo e que se cobre as responsabilidades. Não será passando a mão na cabeça, ou servindo de escudo de intocabilidade ao primogênito, que irá isentá-lo de culpa.

Não existe essa de perseguição à trupe, pelo Ministério Público, a quem o presidente acusa de uso político das atribuições. Quer dizer que o MP só "presta" quando investiga e denuncia  inimigos e "contra nós, é sacanagem"? Não é por aí, capitão.

Caso o filhão tenha trambicado, via Queiroz, com salários de servidores; se comprou R$9 milhões em imóveis, investimentos incompatíveis com o que recebia como deputado estadual, no Rio, provados os ilícitos, que seja responsabilizado. Não será o joguinho do papai, de usar rede de robôs para atacar dissonantes, que irá mudar imputações.

A resposta dos probos, dos que falam em honra não só da boca para fora, é única: apurem-se as denúncias e que se decida, pelo alegado e provado, se há ou não responsabilidades a serem imputadas. Essa tangente de "investigar meu filho para me atingir" é saída (hilária) que já tem dono: um certo Lula nada livre.

Provado que Flávio deve, que ele pague, capitão. Ao papai, que se proclama austero, caberia dizer, in casu,  que "não foi isso que ensinei a ele, lá em casa".

P. S. - Cabe a Bolsonaro, ao governador Caiado e aos demais: governar é cuidar dos interesses do Estado e dos seus cidadãos; não é ficar colocando culpa em antecessores ineptos ou prevaricadores e, sim, corrigir os seus malfeitos. O povo sabe quem é quem. Usando um exemplo do próprio governador de Goiás, que é ortopedista: atende-se ao paciente atropelado, ao invés de se preocupar com a marca do veículo e com a culpa do motorista atropelador. Que ele, Bolsonaro e os demais cuidem dos seus pacientes.