21 de mai. de 2019

Duelo de passeatas ou Sobrinhos do Capitão x Unidos da Cuba Libre


Ao sabor do vamos ou não vamos às ruas, as forças bolsonaristas estão divididas. Parte quer ir, parte condena. O PSL, partido do presidente, está mais quebrado do que arroz de terceira. Janaína Paschoal, voz mais sensata, vai ficar em casa. Até o radical Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre, deixa o seu canhão mobilizador de fora e, por isso, é atacado pelos sicários cibernéticos a serviço da Corte. 

O presidente e ministros não irão ao corso. Acima de tendências e vontades, ele é o presidente de todos os brasileiros, não só dos que nele votaram - entre esses, muitos que o fizeram por falta de melhor alternativa. Haddad? Vade retro.

A não ida de muitos à procissão em louvor ao chefe se deve à pauta radical anunciada, dentre elas o fechamento do Congresso e do  Supremo Tribunal Federal. Falta a lucidez de Kataguiri aos pauteiros do ensaio ao sonhado putsch: as instituições têm de ser respeitadas. Banidos devem ser aqueles que as maculam. 

Vejamos o que farão os "sobrinhos do Capitão", epíteto dos bolsonaristas e tomado por empréstimo a um gibi de mesmo nome, dos anos 60. A pauta radical, contudo, não tira a legitimidade do movimento. É o direito de ir e vir, é liberdade de expressão, ambos pilares da democracia.

No dia 30, teremos outro fuzuê, desta vez da turma do contra. Medição pública de forças. Vejamos quem pode quanto e o que. Quanto aos antípodas, pesa a antipatia em torno das forças ali envolvidas. Questiona-se muito a presença de correntes de esquerda, que até ontem estavam no poder e dali foram banidas pelo voto, com as suas principais lideranças julgadas e condenadas por ilícitos cometidos no cargo ou servindo-se dele.  


Aliás, são as mesmas forças que lançaram o Nordeste Vermelho e comandam, pelas redes sociais, um movimento de rejeição à visita que o presidente fará à região na próxima sexta-feira. Como pano de fundo, pinçaram frase dita pelo Capitão, em 19 de janeiro, quando lhe disseram que governadores nordestinos não pendurariam o retrato dele na parede: "Espero que não venham pedir nada para mim, porque eu não sou o presidente deles. O presidente deles (Lula) está em Curitiba".

Claramente intencional, a parte final das declarações dele foi subtraída. Nela, o presidente enfatiza: "Mas não posso fazer uma guerra com governador do Nordeste, atrapalharia a população. O homem mais sofrido do Brasil está ali. Vamos mergulhar para resolver muitos dos problemas nordestinos".

Em três meses, o governo já repassou R$248 milhões à região. Sexta-feira, em Petrolina (PE), o presidente inaugura conjunto habitacional e, em Recife, libera recursos para obras de infraestrutura e anuncia o acréscimo de R$2,1 bilhões ao Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, que, assim, será aumentado, este ano, para R$25,8 bilhões. Terminará o dia em reunião com os nove governadores da região e mais o de Minas e Espírito Santo. 

Presidente, isso é governar. Saia da cadeira e vá ao Brasil. Ficar sentado com o dedo e olho no Twitter não é coisa para quem tem um país inteiro para consertar. 

P. S. - Governo estuda adotar organizações sociais, as conhecidas OSs, para gerir as universidades federais. Voltarei ao assunto. 

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