9 de dez. de 2021

Síndrome da China?

O governo de Joe Biden promove, hoje (9) e amanhã (10), a Cúpula pela Democracia Virtual, para a qual foram convidados representantes de mais de 100 governos, assim como ativistas, jornalistas, líderes do setor privado e outros membros de destaque da sociedade civil. Por conta da pandemia, as reuniões serão realizadas remotamente.

A ideia é que a cúpula sirva de plataforma para que os líderes "assumam novos compromissos, reformas e iniciativas" sustentadas por três pilares: a defesa da democracia contra o autoritarismo, a luta contra a corrupção e o respeito aos direitos humanos.

É um encontro sobre democracia, só que nada democrático. Mr. Biden deixou de fora alguns países importantes, casos da China, Rússia e Arábia Saudita, que teriam sido excluídos por desrespeitarem os direitos humanos.

Ora, eles deveriam estar lá justamente por causa disso. Seria um bom momento para tentar enquadrá-los dentro das regras da Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento que completa 73 anos nesta sexta, 10 de dezembro. Cabe aduzir que Paquistão e Filipinas também têm exatamente um histórico nada exemplar nessa questão e foram chamados a participar. Além dos ricos barrados, estão fora da lista do Mr. Biden: Venezuela, Nicarágua, Cuba, Bolívia, El Salvador, Honduras, Guatemala e Haiti.

O interessante é que, em relação à Venezuela, ele convidou o Juan Guaidó, líder da oposição e que decidiu não ir só. Está levando com ele as comandantes antigovernistas Berta Valle, da Nicarágua, Rosa María Payá, de Cuba. O Brasil está na lista de convidados.

Biden está na alça de mira do mundo. O seu mal ajambrado encontro transpira dois odores: o se não está comigo, está contra mim e o da distinção em dois grupos: o das democracias e o dos demais.

Ele promove isso num momento em que a própria democracia do seu país vive uma séria crise. Autoridades eleitas estão renunciando, ante a intolerância brutal e crescente nas instituições, indo de conselhos escolares, departamentos de polícia, a prefeituras. Sem se falar no que anda ocorrendo nos Estados, cujos parlamentos estão aprovando leis que limitam o acesso das pessoas às cédulas, tornando mais difícil a ida dos eleitores às urnas.

Vejo aí, também, uma desesperada tentativa de se tentar devolver a Tio Sam a estrela de Xerife do Mundo, estrela de prata e que virou lata, com falsa aparência, com falso brilho.

Que mal o aflige, Biden? Síndrome da China?

8 de dez. de 2021

Eleições 2022: Pesquisa Quest/Genial: Lula 46, Bolsonaro 23, Moro 10...

 No segundo turno, Bolsonaro perderia para Lula ou Moro ou Ciro 

Divulgada nesta quarta-feira, 8, a pesquisa Quest/Genial de intenção de voto para presidente, com as projeções em ambos os turnos. No primeiro, em um dos seus cenários, o ex-presidente Lula (PT) lidera com 46%, contra 23% do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). Na terceira posição, Sérgio Moro (Podemos) aparece à frente de Ciro Gomes (PDT), com 10%; Ciro tem 5%. João Dória (PSDB-SP) aparece com 2% e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), com 1%. Confira.

1º turno

Esta é uma sondagem estimulada em quatro cenários, onde são mostradas cartelas com os nomes dos candidatos. Eis os números:

Cenário com Lula, Bolsonaro, Moro, Ciro, Doria, Pacheco e D’Avila

  • Lula: 46%

  • Bolsonaro: 23%

  • Moro: 10%

  • Ciro: 5%

  • Doria: 2%

  • Pacheco: 1%

  • D’Avila: 1%

Cenário com Lula, Bolsonaro, Moro e Ciro; sem Doria, Pacheco e D’Avila

  • Lula: 47%

  • Bolsonaro: 24%

  • Moro: 11%

  • Ciro: 7%

Cenário com Lula, Bolsonaro, Ciro e Pacheco; sem Moro, Doria e D’Avila

  • Lula: 48%

  • Bolsonaro: 27%

  • Ciro: 8%

  • Pacheco: 2%

Cenário com Lula, Bolsonaro, Ciro e Dória, sem Moro, Pacheco e D’Avila

  • Lula: 47%

  • Bolsonaro: 27%

  • Ciro: 7%

  • Doria: 5%

2º turno

Aqui a intenção de voto também é estimulada e avalia o “mano a mano” em sete cenários.  

Cenário com Lula e Bolsonaro

  • Lula: 55%

  • Bolsonaro: 31%

Cenário com Lula e Moro

  • Lula: 53%

  • Moro: 29%

Cenário com Lula e Ciro

  • Lula: 54%

  • Ciro: 21%

Cenário com Lula e Dória

  • Lula: 57%

  • Dória: 14%

Cenário com Lula e Pacheco

  • Lula: 58%

  • Pacheco: 13%

Cenário com Moro e Bolsonaro

  • Moro: 34%

  • Bolsonaro: 31%

Cenário com Ciro e Bolsonaro

  • Ciro: 39%

  • Bolsonaro: 34%

Aprovação do governo Bolsonaro

O presidente Bolsonaro conseguiu reduzir a queda na sua popularidade, com o aumento da aprovação do seu governo junto a dois públicos importantes: os mais pobres, que recebem até dois salários mínimos, e os evangélicos.

  • Negativo: 50%

  • Regular: 26%

  • Positivo:  21%

A sua reprovação tem índice mais alto na região Nordeste, onde 61% dos eleitores avaliam negativamente a sua gestão. As maiores aprovações estão nas regiões Sul e Centro-Oeste, com a avaliação positiva de 26% dos entrevistados.


Quo vadis

Alexandre Baldy e a pulga que incomoda

Goiás tem Bolsonaro na sua briga interna. Ele está ingerindo diretamente no processo eleitoral goiano, impondo situações que devem movimentar o panorama político estadual. O pivô da polêmica é o ex-deputado federal goiano Alexandre Baldy (PP-GO). 

Ex-secretário de Transportes Metropolitanos do Governo Dória, Baldy estava praticamente dentro da equipe econômica de Paulo Guedes - seria o interlocutor do ministro com o Congresso -, mas teve a sua nomeação vetada pelo presidente. Pensou-se que por causa do governador paulista, adversário de Bolsonaro nas urnas do ano que vem, mas não. O entrave é a ligação de Baldy com o governador Ronaldo Caiado, em cuja chapa de reeleição o ex-deputado quer figurar como candidato a senador.

Ocorre que Bolsonaro tem o seu candidato ao governo goiano - o deputado federal Vítor Hugo -, a quem virá apoiar, pessoalmente, na campanha. Os próprios dirigentes nacionais do PP teriam informado ser a ligação com Caiado, e não com Dória, a razão do veto e que Baldy, caso queira entrar na equipe de Guedes, teria que romper com o govenador goiano e se anunciar candidato ao Senado, na chapa de Vítor Hugo. Cabe a Baldy decidir pra onde vai. Aguardemos os próximos capítulos

Desdobrando a conversa, a posição manifestada pelo presidente já desmonta, também, a propalada versão de que Gustavo Mendanha, prefeito de Aparecida de Goiânia e que também pretende disputar o governo goiano, estaria "bolsonarizando". Por que iria ele para a ala do presidente, se este tem candidato próprio a governador? 

Na tela, os "Quo vadis" I e II. 

22 de nov. de 2021

Major em dia de Recruta Zero

Assisti a um vídeo recente do deputado estadual goiano Major Araújo. Dias atrás, em carro de som estacionado diante do Palácio Pedro Ludovico, sede do governo goiano, ele despejou impropérios contra o governador Ronaldo Caiado. Usou como pano de fundo a questão da remuneração e reivindicações dos policiais militares. Lembrou-me de quando, na escola, alguém lançava ofensas e desaforos em outro, culminando com o famoso "te pego lá fora". Pois é. Assim pareceu o ridículo quadro por ele encenado. Em seu logorréico e verborrágico discurso houve excesso de ofensas e falta de decoro. "Desça aqui,vagabundo. Desce aqui, Caiado vagabundo... Desce aqui, canalha... Você sempre diz: o bandido, ou muda de Estado ou muda de vida. Político vagabundo, também, ou muda de Estado ou muda de vida... Fora, Caiado... traidor, safado..." - um linguajar vulgar, chulo, comum aos palanquistas, um palavrório que satisfaz apenas a trupe. Caiado - e nenhum ser racional - jamais desceria para viver um bate-boca estéril, estúpido, grotesco. O major sabe do respeito que tenho por ele, mas não há como concordar com a sua infeliz postura. Um discurso sério constrói credibilidade e tem o respeito do opositor. Aí será conversa de gente grande, educada, comum aos seres urbanizados. Nesse infeliz (e caricato) episódio, o major não faltou com o respeito apenas ao governador, mas também a si próprio.