Há leitores que questionam a minha postura crítica em relação a Marconi Perillo. De aliado passei a algoz. Senti que volta e meia será preciso repetir o episódio causal da nossa briga, para que todos entendam o que realmente aconteceu.
Fui dos primeiros a me ombrear com ele, em 1998. Ao fazer opção, o fiz pela amizade e por crer que ali realmente estava se abrindo um novo caminho para a prática política em Goiás. Esse mesmo sentimento que tiveram vários outros companheiros, inaugurando o que acreditávamos ser verdadeiramente o tempo novo.
Entrei na guerra de corpo e alma. E assinei a minha entrada. Fui o único a colocar no ar, no programa de rádio, a minha vinheta com o meu nome, me identificando com o candidato e com os propósitos dele.
Acreditei no candidato
Ano de 1998. Foi gravando o programa do candidato a senador Fernando Cunha, ao comentar sobre a composição da chapa peemedebista – Íris para o governo, Maguito para o Senado e Dona Íris suplente de Maguito –, que criei a figura da “turma da panelinha”, que o Renato Monteiro e o Leo, da Verbo, materializaram na TV com o talento do Nerso da Capitinga. Íris tinha 72%, Marconi 6. Viramos e ganhamos a eleição.
A tal panelinha foi a arma decisiva. Ela traduziu para o popular a ambição do adversário. Ela simbolizava o controle da política nas mãos de poucos. Íris já havia sinalizado para esse pecado, quando ele próprio disputou o Senado, colocando o irmão Otoniel na suplência.
Vencemos em 98, fomos bi em 2002. Eu não convivia com o governador. Não trabalhei no seu primeiro governo. No segundo, escrevia discursos para ele. Foi por pouco tempo. Depois disso eu só o via na época das campanhas. Eu vivia mais por conta de me defender dos processos que havia conseguido contra mim, por comprar brigas dele, que nunca perguntou se eu precisava de advogado ou de ajuda para pagar algum.
Na primeira campanha, o meu pega havia sido contra Francisco Agra, o Lilo, ex-prefeito de Itapaci, que havia acusado Marconi de ter desviado verbas da Educação destinadas à cidade dele. Se tornaram inimigos mortais. Ma non tropo. Nessa última vitória, Marconi recebeu Lilo e o pai, prefeito atual de Itapaci, com sorrisos e muitas fotos em palácio.
Nessa campanha fui processado por dois procuradores da República. Eu fui hostil na lida com eles. Foi a ambos que pedi desculpas quando fui à CPMI e publicamente, pela imprensa.
Em 2006, terceira vitória, com Marconi para o Senado e Alcides Rodrigues governador. A quarta foi em 2010. Terminada esta campanha, Marconi ainda me devia 90 mil reais. Incumbiu o seu “faz tudo” Lúcio Gouthier de resolver a pendência.
Causas do rompimento
Em abril de 2011, Lúcio me telefona e pede o número da conta bancária. Passei o da minha filha, que cuidava de pagar as minhas contas, cuidava de mim. Eu já não dirigia mais, por conta do Parkinson.
Fui pago em duas parcelas de 45 mil. Depósito feito e o Lúcio ligava informando que estava na conta. Nunca tivemos a preocupação de conferir no extrato geral a autoria do depósito. Se Lúcio ligou informando é porque ele os fez.
Fui pago em duas parcelas de 45 mil. Depósito feito e o Lúcio ligava informando que estava na conta. Nunca tivemos a preocupação de conferir no extrato geral a autoria do depósito. Se Lúcio ligou informando é porque ele os fez.
Só ficamos sabendo que os depósitos haviam sido feitos por Alberto & Pantoja e Adécio & Rafael (45 mil cada) quando estourou o Cachoeiragate. Eu estava na Bahia, no Polígono das Secas, fazendo uma reportagem, quando minha filha me liga contando que fora citada nacionalmente, por conta disso.
Eu estava em Poções, na Bahia, quando fui localizado por um repórter do Estadão. Ele queria saber sobre os pagamentos.
Contei que havia feito a campanha do PSDB, que aquele dinheiro se referia ao que me era devido e que jamais havia ouvido falar nos tais depositantes, pois era ao Lúcio que o número da conta havia sido passado e que achava ter sido ele o autor dos pagamentos.
Não citei o nome de Marconi, mas a campanha do PSDB. O repórter liga no Palácio. O assessor que o atendeu, ao invés de responder que assuntos de campanha são com o partido, que se ligasse para o PSDB, preferiu emitir uma nota oficial refutando afirmações que eu não tinha feito e chamando-me de irresponsável, leviano e mentiroso. E o que é o pior: eles mesmos colocaram o governador na dança. Eu não havia falado em Marconi, mas em PSDB. O jornal havia falado no governador, não eu.
A jornalista Fabiana Pulcineli me localizou em Vitória das Conquista, Bahia, e me contou detalhes da nota, aos quais respondi, através do programa que ela tem na CBN. Eu disse que os extratos telefônicos comprovariam as ligações feitas por ele a mim.
O palácio emitiu outra nota, se enrolando mais na história: disse que eu havia ligado para o Lúcio e pedido empregos para as minhas filhas. Ora, se eu era amigo do governador, falava com ele a hora que queria, porque iria pedir a um subalterno para pedir empregos?
O extrato comprova as ligações feitas por Lúcio a mim. As gravações da polícia federal mostram Cachoeira falando do depósito feito em meu nome, o Wladimir Garcez ("assessor" de Cachoeira) falando em pegar número com Lúcio.
Usando certos jornais, os áulicos palacianos tentaram me destruir, moral e socialmente. Nenhum jornalista desses veículos me ligou para ouvir o meu lado.
Falso e farsante
Marconi foi à CPMI e disse ser eu "figura controversa", que havia pagado a mim 33 mil, conforme nota anexa, blablablá. Mentiu. Na tal nota sequer meu nome consta. Fui eu à CPMI e o desmenti, desafiei a todos que viessem para um cara a cara, olho no olho, mas correram. No ínterim da perlenga, fui tomando conhecimento de coisas feitas por Marconi e das quais eu não sabia. Eu só o encontrava nas campanhas.
Ele me processou, mas não ao SERPES, que também havia sido pago por Alberto & Pantoja. Foi por conta disso que brigamos. Fiz trabalho limpo e fui pago com dinheiro sujo. Ele mentiu, traiu, foi desleal.
Usa jagunçosnet para me atacar com os seus blogs, quando não recorre a bêbados e tão suspeitos quanto ele para me caluniar. De 1998 a 2010, eu era “o cara”, o bom, o melhor do rádio. Depois do episódio, passei a ser o que não valho nada, sem credibilidade, leviano, mentiroso.
As pessoas de bem e do bem me conhecem. Sou jornalista, radialista, bacharel em Direito e com especialização em Ciência Política. A mim foram conferidos, por lei, os títulos de Cidadão Goiano e Goianiense. Sou, também, titular da Academia Goianiense de Letras, cadeira 33. Ah, e também sou Comendador (Ordem do Mérito Anhanguera).
Nunca fui chamado de ladrão, de corrupto, suspeito de “mamar” em aditivos, e nem estou sendo investigado por conta de cobrar propinas, por formar Caixa 2, por tomar dinheiro da Delta, por tomar dinheiro de dono de cartório, por ligações com jogos ilegais e jogo do bicho etc..
Incluamos no roteiro da
reportagem o dado confirmado pelo extrato:
No dia 12 de abril
de 2011, Carlos Cachoeira liga para Vladmir Garcez pedindo os números de contas
bancárias, para que fossem feitos alguns depósitos.
Wladmir diz a Cachoeira
que vai pegar os números com o Lúcio e que depois repassa para ele.
Wladmir liga para o
Lúcio, pedindo os números das contas onde queria que fossem feitos
depósitos. Lúcio lhe disse que era a mim que deveria pagar, mas que não tinha o
número de minha conta bancária. Foi quando ele ligou da casa dele (3215-xxxx)
para o meu celular (8421-xxxx) perguntando em que conta deveria ser feito o
depósito. Eu lhe disse que na de minha filha Bruna, e lhe passei o banco, a
agência e a conta.
Dois dias depois,
Cachoeira liga para o Wladmir informando que "o do Bordoni já foi feito.
Agora precisa me passar os demais".
O extrato telefônico
mostra as quatro vezes em que Lúcio tentou falar comigo no dia 12/04/2011, só
conseguindo na última chamada. Destacados em amarelo aparecem o nome e o
telefone dele (3215-....), a data, o meu nome e o número do meu telefone
(8421-7045). Era o documento que faltava e eu havia pedido à CPMI
para que o obtivesse, dada a demora pela via judicial.
A reportagem do SBT já
havia antecipado a confirmação da origem do depósito. Vale repeti-la mais uma
vez.
DETALHE: O juiz Ricardo Teixeira Lemos, da 7ª Vara Cível, desentranhou do processo essas duas provas que eu tinha: o extrato telefônico comprovando as 04 ligações de Lúcio para mim e o DVD com a reportagem do SBT mostrando como Cachoeira depositou o dinheiro em minha conta. Optou por ficar com a versão de que o governador e seu assessor Lúcio Fiúza não tiveram nada com isso.