22 de mar. de 2019
Os filhos do egoísmo e o homem de Neandertal
Difícil o viver hodierno. Ou seria "ódierno"? Já não somos, estamos humanos, numa transição do racional para o irracional. Involução da espécie, darwinismo ao avesso. Os olhos despejam olhares de insatisfação, de impaciência, de repúdio, de intolerância. E as palavras são isso, explicitamente.
Amor ao próximo só quando nos olhamos no espelho. Mãos estendidas para receber, nunca para dar. Pela escala de valores, primeiro, o celular; depois, o resto. Vivemos a era do culto ao ego. Myself. Selfies.
Vida privada passa a ser pública. A face que antes guardava os nossos segredos e vontades, hoje é janela escancarada. É face...book. Vidas expostas. Corpos e almas desnudas.
Os nossos valores são medidos pelos tamanhos de bundas, peitos e pênis. Banalização do sexo, vulgarização de atributos. Os segredos por trás dos decotes e das saias viraram domínios públicos. Os valores morais, a ética e os bons costumes foram remetidos ao período jurássico. Coisas de demodês, neste universo anômico, onde pais e filhos apenas inspiraram o nome de velha revista.
Não, este texto não tem nada a ver com misoneísmo - rejeição ao novo. Tem a ver com saudosismo, com os tempos em que as famílias eram de verdade e não apenas verbete de dicionário. Época em que as pessoas se respeitavam e se amavam. Época em que éramos humanos, em que éramos felizes e sabíamos.
Me perdoem se estou sendo neandertalesco, mas o mundo, antes, era bem melhor.
P.S. - Hoje, pais e filhos são estranhos sob um mesmo teto. Quase não se comunicam. Egocêntricos. Todos cultuando celulares, os deuses do seu individualismo.
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