Capitão infeliz, quando fala. Não poucos manifestantes são seus eleitores. Defender a educação é dever de todos. E dele, principalmente. |
O livre pensar permite a todos - progressistas, reacionários, conservadores etc. - a verbalização de satisfações e insatisfações. Na democracia, o "penso, logo existo", de Descartes, é o "penso e falo", com o direito de opinar, discordar. Aqui na terra brasilis, impedir esse direito inalienável, determinado pela nossa Constituição, é atentar contra as liberdades democráticas.
É verdade que, infelizmente e o capitão tem razão, existem, nas nossas universidades, alguns espiroquetas que se servem da cátedra para cultuar doutrinas. São imbecis ilustrados a aproveitar-se das cabeças abertas de adolescentes para cultivar tendências, ao invés de estimulá-los ao conhecimento de todas visões do mundo e, depois, que cada qual faça escolhas por livre arbítrio, jamais por indevida e irresponsável indução. Mas não por isso se fecha cursos e nem se corta verbas de universidades. Que se bote para fora os que manipulam conhecimentos.
É preciso lembrar ao capitão que, por falta da filosofia nas escolas que frequentou, é que ele não consegue verbalizar pensamentos. Filosofia exige leitura, nos enriquece de informações, viabiliza a fluência de ideias e a construção de farto vocabulário. Aprendi com a minha mãe, que muito me exigiu nos livros, que, quem não lê, não escreve e não fala.
A formação militar do capitão lhe tomou essa preciosidade. Foi escolado no "sim, senhor", sem o direito de discordar de ordens, de opinar sobre nada. Ocorre que o Brasil não é um quartel. É um país onde todos têm o direito de pensamento e de escolha, tanto que a maioria, usando o inalienável livre pensar e o livre escolher, o elegeu presidente.
Esse mesmo livre pensar que experimentou a esquerda (que se revelou cleptomaníaca) e decidiu bani-la.
Esquerda que, aliás, provocou o terrível e criminoso "apagão" nas mesmas universidades, com o corte de R$9 bilhões e meio de recursos, gerando greves e protestos e fazendo desabar o mentiroso slogan "dilmático" de "Pátria educadora".
Esquerda que, por oportunismo e sem público, quis pegar carona nos protestos de ontem, mas sem moral e legitimidade alguma, em prejuízo à seriedade dos eventos.
Enxotada a esquerda, a direita não pode repetir o erro. Um governo que fecha escolas, que as esvazia de recursos, só pode contribuir para a imbecilização do seu povo. Repito: o Brasil não é um quartel e as suas escolas devem formar cidadãos e não tropas de paus-mandados.
Caro capitão, já o dizia Lobato, "um país se faz com homens e livros".
P.S. - Fechar cursos de filosofia, se deixando guiar por um astrólogo que se autoproclama filósofo (aquele que "ama o Brasil", mas mora nos Estados Unidos), só pode trazer prejuízos à imagem e à já pobre história do nosso capitão presidente.