5 de abr. de 2019

Todos e todas (e tchutchuca) é a vó!

A todos os que têm o (péssimo) hábito de dizer "boa noite a todos e a todas" uma breve observação: todos é um pronome substantivo indefinido e não um pronome de tratamento. É um pronome que substitui o nome. "Homens e mulheres saíram" = todos saíram. É usado no masculino plural, de forma neutra.

Esse "todos e todas" é produto de uma estupidez chamada "politicamente correto" -, como se o não uso de "todas" fosse uma forma de exclusão da mulher no contexto. Coisa de desocupados. Ou de políticos demagogos. Bom dia a todos e todas é crime gramatical.

Errado tanto quanto usar "todos e todas" é ter o trapalhão Vélez Rodrigues no Ministério da Educação. Insiste em dizer que não houve golpe em 1964 e anuncia que vai mandar mudar essa história nos livros didáticos. Não é cortando as orelhas de um burro que se tem um cavalo. É bom o presidente já ir pensando em outro ministro.

A falta de boas escolas e de professores valorizados, sabemos, é o problema maior. Só com esse binômio construímos cidadãos. Hoje, mães parem indivíduos que o Estado transforma em massa de manobra. Não estamos moldando ninguém, apenas colocamos em circulação números de CPFs e RGs. Esperar o quê de um país que investe apenas 6% do seu PIB em Educação (a Coréia do Sul aplica "apenas" 50%. Que inveja!).

Ligo a TV. O presidente está de volta. Para quem não soube da viagem dele, a coisa estaria do mesmo jeito. Com ou sem ele, c'est la même chose. O país continua a reboque de uma reforma previdenciária anunciada como a panacéia para todos os nossos males, mas que não sai do lugar. E não a aceitemos sem referendo popular. Congresso que usa balcão de negócios não tem legitimidade para decidir como deve ser o fim de vida de cada cidadão. Reforma sem referendo, jamais. 

Por causa da dita cuja, o tal "Tchutchuca" virou praga. Soube-se, agora, que seria velho apelido do ministro Guedes. Apelido odiado.  Explicada a reação: "tchutchuca é a mãe, a avó". Lembra-me as famosas "pegadinhas do Mução", personagem marcada pela irreverência, criada e vivida por Rodrigo Vieira Emerenciano, radialista e humorista potiguar (recomendável a felizes e bem-humorados como eu).

Óbvia a falta de respeito ao ministro, como autoridade e como pessoa, mas vivemos um presente onde o próprio presidente e filhos não são bons exemplos de conduta respeitosa e harmônica, nas redes sociais e relações humanas, inclusive. Essa apologia a moldes pitbulls só poderia, mesmo, resultar em sessões canejas de mordidas e ranger de dentes. 

Ad conclusam, Eliane Catanhêde havia antecipado, semana passada, a demissão do ministro Vélez, da Educação. Para desacreditá-la, o presidente adiou a decapitação, mas o patíbulo, agora, parece inevitável. A segunda-feira será o dia D.

P.S. - Estava em cartaz, mas foi retirado do Cinemax, por conta de protestos, o filme "1964 - o Brasil entre armas e livros". Trata-se de leitura diversa dos fatos acontecidos a partir de março, daquele ano. Pode ser visto no Youtube.

2 comentários:

  1. Artigo interessante e de grande valir.

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  2. Gostei da frase "crime gramatical". Vou incorporá-lá as minhas mal traçadas sem pagar direito autoral.
    Abraço Amigo!

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