Presidente Jair Bolsonaro (Foto: Adriano Machado/Reuters) |
Pelo visto, lido e ouvido, a língua continua solta. Rememoremos algumas, en passant. Sobre a comemoração de 31 de março: "Se não conseguir governar, chamarei os militares". Esqueceu-se de que estamos na democracia, o voto põe, o voto tira.
Sobre o Holocausto: "Nós podemos perdoar, mas não podemos esquecer". Os judeus não gostaram.
Sobre o nacional socialismo de Hitler: "O nazismo alemão foi um movimento de esquerda". Os tedescos o desancaram. Franceses, ingleses, poloneses e russos, idem.
Ontem, sobre os 80 tiros de soldados do Exército, resultando na morte de um músico, no Rio: "Houve um incidente". Com um tiro, poderia, sim, ser um incidente, mas com 80? Pegou mal.
Sexta-feira, 12. Sobre o "desaumento" do diesel, sem imaginar o "desbronco" resultante do seu arroubo, disse o que todos já sabem: "Não sou economista. Já falei que não entendo de economia".
Não entende, mas mete o bedelho. Por conta do seu telefonema, suspendendo o reajuste no preço do diesel, a Bolsa de Valores de São Paulo fechou a sexta-feira em forte queda, pressionada pelo tombo das ações da Petrobras. Aquela ligaçãozinha, jogando para a plateia, fez a nossa estatal perder quase R$ 34 bilhões, em valor de mercado.
O baque foi causado por preocupações sobre a liberdade operacional da nossa petrolífera, após a companhia ter voltado atrás sobre o aumento do preço do diesel. Na quinta-feira, após o fechamento do pregão, a Petrobras era avaliada em R$390,52 bilhões. Na sexta, R$34 bi a menos. Eis o que custou o telefonema do "prisa", que nada sabe de economia e que, antes de intervir, deveria ter consultado o seu ministro especialista na área.
Em reunião com o FMI e com o Banco Mundial, em Washington, Paulo Guedes tentou desconversar e saiu do cerco dos jornalistas dizendo ter "um silêncio ensurdecedor para os senhores". Admitiu, contudo, ser "uma inferência razoável, aparentemente", a afirmação de que Bolsonaro não o consultou sobre a intervenção na Petrobras. Foi um desastre.
O Brasil torce pelo presidente, pelo êxito do seu governo. Que ele queira acertar e que coloque, verdadeiramente, o país acima de tudo.
P. S. - A reforma da Previdência, nos moldes encaminhados, não vai passar. O ministro Paulo Guedes insiste e, segundo ele, o presidente Bolsonaro não é apaixonado pela proposta, mas entende a sua importância.