4 de abr. de 2019
Por trás da fachada da reforma, governo privatiza em silêncio
Ligar tevê é entristecer. Nada que preste. Violência pura. Programas que propagam a banalização da vida. Balas perdidas, balas achadas em corpos inocentes. Nas páginas de política só há polícia.
Nas ruas, um enorme ponto de interrogação: onde estamos? Há alguma coisa silenciosa trafegando pelos subterrâneos dessa ópera bufa encenada por atores principiantes, alguns nem tanto assim, mas todos a serviço de mesma causa: a retração da presença do Estado na economia, com a venda de ativos e de estatais de ponta.
O presidente viaja e nem sentimos a sua falta. O Brasil é o mesmo, estando ou não aqui. Com a mídia debruçada sobre a reforma previdenciária e muito mais preocupada com as gafes do clã (pai e filhos adoram pecar em conjunto) e coadjuvantes, o que de real acontece não chega aos olhos e ouvidos do público.
Pelo que dizem os jornais, só depois que a reforma da Previdência quebrar a perna dos velhinhos do futuro é que o presidente se sentará no comando do país. Enquanto tal não se dá, Vélez, do MEC, continua sendo pauta negativa interna. Com a boca fechada, já estaria errado.
Para tornar o horizonte mais nebuloso, anuncia-se um revisionismo histórico, apagando a ditadura dos livros. Néscios. Não será cortando as orelhas de um burro que se terá um cavalo. No Congresso, trôpega, a reforma da Previdência não avança. Vira circo.
Na Câmara, deputado abusa de prerrogativas em desrespeito a ministro. Brincadeiras geram memes. Molecagens rendem risos e fazem visíveis e risíveis as suas personagens. O ministro Guedes, incauto, caiu na armadilha. O "tchutchuca é a mãe, a avó" não ficou bem. Aprendeu a lição: com menino travesso não se brinca. O "bate boca" viraliza, "rouba" a atenção geral.
Na mesma Câmara, a ministra Damares Alves, lá dos Direitos Humanos, foge pela porta dos fundos de restaurante, para não encarar alegadas vítimas da ditadura. Parafraseando a própria, menino veste azul, menina veste rosa e ministra veste responsabilidade, resolvendo problemas de frente, ao invés de fugir deles.
Preocupante o cenário. O governo deve explicações a bolsonaristas e antípodas, sobre algumas decisões tomadas, silenciosamente, na área econômica. Explicar este Bradesco Fundo Mútuo de Privatização FGTS - Petrobras. Explicar por que, por exemplo, excluiu a Caixa Econômica Federal da gestão do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço? Por que reduziu de seis para três os representantes de empregados e empregadores no conselho curador do fundo?
Há muito que os bancos privados estão de olho nesta "mina de ouro". São 500 bilhões de reais em ativos e mais 100 bilhões em patrimônio líquido. O que o governo pretende, de fato, fazer com esse patrimônio que pertence ao trabalhador brasileiro?
P.S. - O hoje ministro Paulo Guedes, ainda na campanha, falava em conseguir R$1 trilhão com a venda de ativos do governo e com as privatizações. Transparência, senhores. Transparência.