17 de mar. de 2019

Sábados, domingos, segundas... a esperança persiste

Domingo, pé de cachimbo. Da paz. Precisamos. O nosso mundo está tomado pelo ódio, intolerância, desamor, indiferença. Harmonia não há, nem mesmo na música nativa, outrora tão boa. A vida é bela, mas a fazemos feia. O verbo de Deus foi mudado: odiai-vos uns aos outros. É o mandamento da vez.

Ali na banca, conversávamos sobre o nosso Brasil. Queixas. Bolsonaro ainda não disse a que veio. Uma pessoa ao lado, fora da roda, invade o espaço: "Isso é conversa de esquerdista, de comunista. Essa raça tem que ser extinta".

Democracia é vez e voz para todos, mas, ao que parece, menos para os democratas que estão no poder. Óbvio que há gente boa em todos os lados - como há em todos os segmentos sociais -, daí que esta segregação em curso nos coloca num campo minado, conflitos à espera da primeira pedra.


A ampla matéria deste 17 de março, publicada pelo Estadão, é documento que justifica essa preocupação. Há um bunker reunindo exército de bolsonaristas e olavistas para promover o linchamento virtual de quem ouse discordar do que aí está. Detalhe: o primeiro nome, comandando a tropa, é o do próprio presidente.

Esse trupe me traz à memória os "camisas pretas", da Ação Integralista, de Plínio Corrêa de Oliveira, apoiadores da ditadura de Getúlio Vargas, e, mais recentemente, 1964, os brucutus do CCC - Comando de Caça aos Comunistas. Sorte dos de antanho que eles não tinham a internet.

Ódio, intolerância, racismo - essa a matéria-prima desses robôs fantasiados de humanos e que, em nome do "podemos porque mandamos", estão levando ao rompimento as relações humanas. Sejamos diferentes nas ideias, mas iguais no respeito, na urbanidade. Os de tal conduta hostil não podem falar em democracia, Pelos atos, nem sabem o que é. 

Folheando jornais e revistas, há dois outros pontos em evolução e à espera de ebulição: a ativação imediata da Operação Lava Toga e a mobilização comandada pela deputada Joice Hasselman. A líder do Governo no Congresso pede a aplicação do artigo 142, da Constituição, que trata da intervenção militar, e que ela se dê no Supremo Tribunal Federal.
Que venha a Lava Toga. Intervenção militar? Essa moça está mexendo com fogo.

A semana terminou com a carta de Lula aos lulistas: é inocente, quer julgamento justo, foram desumanos no caso dos velórios, que só está preso por conta de manobras políticas com o apoio da mídia, tendo à frente a Rede Globo. Ah, e que Bolsonaro só foi eleito porque não o deixaram ser candidato.

Outra semana começa com a surpreendente declaração do guru do capitão, Olavo de Carvalho. 
Neste sábado, nos States, ele participou de encontro promovido por Steve Bannon, ex-estrategista-chefe da Casa Branca e da campanha de Trump. Questionado sobre como avaliaria o governo que ajudou a eleger, foi direto:

"Se tudo continuar como está, já está mal. Não precisa mudar nada para ficar mal. É só continuar assim. Mais seis meses, acabou".

Cai o pano.


P.S. - Na quinta-feira, de uma canetada só, o presidente Bolsonaro demitiu 21 mil servidores comissionados, bem como extinguiu os respectivos cargos. Haviam sido nomeados nos governos Lula/Dilma.