22 de mai. de 2015

Prendam Collor, o "pai" da nova febre amarela



Ano de 1903, Rio de Janeiro, a Capital da República. De maravilhosa, ainda, a cidade não tinha nada. Era fedida, pestilenta. Chamavam-na, isto sim, de túmulo de estrangeiros, tantas eram as doenças contagiosas que ali proliferavam, castigando os seus habitantes e quem a visitava.   

Tal imagem não era nada boa para a nossa cidade sede do Governo, centro de negócios e alvo das atenções dos investidores estrangeiros. Era preciso dar um jeito urgente naquela tétrica situação. Foi quando o presidente Rodrigues Alves convidou o sanitarista Oswaldo Cruz para comandar o que seria hoje o nosso Ministério de Saúde. 

Formado aqui, mas graduado no Exterior, o nosso doutor arregaçou as mangas e, em menos de uma semana, já tinha um plano de combate ao inimigo imediato: a febre amarela. Esta é uma doença causada por um vírus que ataca o fígado e é transmitida ao homem por mosquitos, como o aedes aegypti. Amarela porque deixa as pessoas amareladas.

O nosso herói começou por identificar os doentes e acabar com os focos da doença. Para isso, estruturou a campanha em moldes militares, dividindo a cidade em 10 distritos sanitários, cada qual chefiado por um delegado de saúde. Além da polícia sanitária, formou brigadas de mata-mosquitos que, uniformizadas, tinham o poder de entrar nas casas. Foi uma verdadeira operação de guerra.

Em tal época não tínhamos, ainda, emissoras de rádio e TV. Os jornais, ao invés de auxiliá-lo, pelo contrário, preferiram atacar a sua reputação com duras críticas e maliciosas gozações. Pasmem, amigos. Na própria faculdade de medicina os nossos “sábios doutores” achavam uma maluquice de Osvaldo Cruz atribuir a um mosquito a transmissão da febre amarela. Acreditava-se que a maioria das doenças era provocada pelo contato com roupas, suor, sangue e outras secreções dos doentes. 

Todo mundo quebrou a cara. A campanha surtiu efeito e os casos foram diminuindo, até desaparecerem. Cruz pediu ao presidente que mantivesse nos quadros da saúde todo o pessoal dos distritos e das brigadas sanitárias, com a missão de inspecionar a existência de fontes causadoras de focos. 

Dessas brigadas resultou a nossa SUCAM, infelizmente extinta pelo inconsequente presidente Fernando Collor, que transferiu a responsabilidade para os municípios, mas não os recursos e nem os funcionários já qualificados para a tarefa.

É preciso descobrir uma saída jurídica de molde a processar tal irresponsável e botá-lo na cadeia. A febre amarela, a exemplo do dengue, está de volta e matando. Prendam este filaucioso. A culpa é dele.